13 de abril de 2014

de onde me chegam estas palavras?


De onde me chegam estas palavras?

Nunca houve palavras para gritar a tua ausência.

Apenas o coração
pulsando a solidão antes de ti
quando o teu rosto doía no meu rosto e eu descobri as minhas mãos
sem as tuas
e os teus olhos não eram mais que o lugar escondido onde a primavera
refaz o seu vestido de corolas.

E não havia um nome para a tua ausência.

Mas tu vieste.

De coração da noite?
Dos braços da manhã?
Dos bosques do outono?

Tu vieste.

E acordas todas as horas.
Preenches todos os minutos.
Acendes todas as fogueiras.
Escreves todas as palavras.

Em canto de alegria desprende-se dos meus dedos
Quando toco o teu corpo e habito em ti
E a noite não existe
Porque as nossas bocas acendem na madrugada
Uma aurora de beijos.

Oh, meu amor,
Doem-se os braços de te abraçar,
Trago as mãos acesas,
A boca desfeita
E a solidão acorda em mim um grito de silêncio quando
O medo de perder-te é um cordel que pisa os meus cabelos
E se perde depois numa estrada deserta por onde
Caminhas nua

Como se estivesses triste.

Joaquim Pessoa (mas poderia ser eu, no feminino)

Mão que me afaga!
♥︎